terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Capítulo 1 - O começo do fim

  O reino era lindo. Reino de Hale era como se chamava. Era enorme e antigo, fora construído pela união de corajosos cavaleiros e desde então governado pela família Hale. O rei, naquele momento, chamava-se Henri Hale, considerado pelos seus súditos um homem justo e o melhor rei que já tiveram. Todos viviam em harmonia e alegria, raramente tinham algo do que reclamar e quando tinham ião atrás da solução.
  Henri Hale era casado com Charlotte Hale e teve uma filha chamada Cornélia. Henri era um homem bonito perto dos 35 anos, possuía o rosto bem marcado, sua pele era clara, mas manchada pelo sol, cabelos castanhos e olhos profundamente verdes. Charlotte não era nem um pouco feia com seus aproximadamente 28 anos, tinha cabelos curtos e louros, seu rosto era mais suave que o do marido, e seus olhos eram azuis como o mar. Cornélia era a mistura dos pais e tinha apena 10 anos, tinha o rosto um pouco marcado, mas suavizado e a pele muito branca, como a neve, no entanto possuía os cabelos ruivos em um tom alaranjado e olhos pretos.
   Era uma noite escura, fria e silenciosa. Nada se mexia só se ouvia a respiração dos animais e árvores. Sob as estrelas o reino parecia ser encantado. Mas logo aquela calmaria seria cortada por um grito "Fogo" era o que dizia, e logo era possível vislumbrar um brilho avermelhado nos estábulos. Em seguida, o barulho aumenta, algo está acontecendo, o castelo fora invadido.
   Era o horário do jantar para a família real quando o barulho começou e quando um guarda entrou contando sobre a invasão. A angústia era visível no rosto de Charlotte. Henri imediatamente mandou que chamassem os cavaleiros e todos os guardas, ele iria ajudar a defender o reino. Mãe e filha correram para o quarto da princesa para se esconder e se proteger. Rapidamente Charlotte pegou uma pequena bolsa de couro e começou a enchê-la. Cornélia não conseguia entender direito o que estava acontecendo, estava confusa com o barulho e com a surpresa do ataque. Pouco ficaram no aposento, correram para outro aposento no andar de baixo, a rainha abriu um alçapão, onde ele levaria? As duas entraram e correram, a mãe guiava a filha que nunca vira tal lugar em todos seus 10 anos de idade.
   O alçapão saía no estábulo. O susto foi enorme ao encontrarem o estábulo em chamas. Charlotte e Cornélia correram do fogo como puderam, mas a barra da saia da rainha foi um pouco corroída pelo calor. Ofegantes as duas se encontravam próximo à saída do reino, se esconderam atrás de uma pedra para que Charlotte pudesse explicar tudo à Cornélia, e ela começou:
- Querida, não fique assustada. Esse ataque era iminente e infelizmente é pouco provável que conseguiremos resistir. - o desespero e o medo acompanhavam sua voz - Você terá que fugir. Não há outra maneira. Vá para a Floresta Mágica, atravesse-a, ao chegar nos campos encontre uma pequena casa com uma plantação de trigo em frente, eles lhe darão abrigo. É só apresentar este colar. Não se preocupe vai ficar tudo bem com sua mãe e seu pai. Nós te amamos querida.
   As lágrimas corriam por seus olhos, tirou um colar de seu pescoço e pegou a bolsa de couro que tinha nas mãos e entregou a filha e, assim, se abraçaram. As duas queriam ficar juntas para sempre e a dor da separação corroía seus corações. Charlotte soltou a filha e juntas correram para sair e alcançar a floresta.
   É claro que alguns dos invasores as avistaram e começaram a persegui-las. A floresta não ficava longe. Charlotte não aguentava correr muito e a exaustão havia alcançado suas pernas, mas Cornélia era nova e corria feito um tigre começando a deixar a mãe para trás. Foi assim que ouviu a última palavra de sua mãe:
- Corra!
   E foi o que ela fez. Cornélia correu o mais rápido que conseguia em direção à floresta. Tinha medo de olhar para trás e ver que sua mãe havia sido capturada.
   Finalmente ela alcançara a floresta, o que tornava a corrida mais difícil e cheia de obstáculos, além de ter perseguidores em seu encalço. Então, Cornélia tropeçou, caiu em uma depressão, seus pés doíam muito, foi quando viu uma pequena caverna atrás de si coberta por musgo e plantas onde poderia se esconder e entrou lá. Não era muito funda, mas ela se distanciou o máximo da entrada ficando protegida pelas plantas que cobriam a entrada e pelas sombras. Funcionou, os homens pularam entraram na depressão correndo e foram em diante, sem olhar para trás, sem nem notar aquele pequeno buraco no qual a princesa se escondera.
   Ela ficou ali em silêncio, sentindo as lágrimas descerem por seu olhos, seu coração pulava tanto que ela chegou a pensar que ele iria explodir ou sair pela boca. E esperou, esperou.
   No castelo, rei e rainha ainda estavam vivos, mas foram levados para as masmorras. E como previsto, agora, o trono era de outro. Era o Reino de Lient, e o rei era Robert Lient. Inimigo do trono de Hale, ele já havia tentado outras vezes apoderar-se do poder, mas só agora conseguira. Ele demorara anos para conseguir seguidores suficientes, para bolar uma estratégia. As ameaças foram diversas antes daquela noite, e o rei não as ignorara. Ele preparara seus guardas, fizera um plano para que sua filha escapasse, e mesmo assim Henri sabia que com a quantia de seguidores que Robert conseguira, vence-lo seria quase impossível. E foi o que aconteceu, o trono mudara, o reino pertencia a outro. A única coisa que acalmava os corações de Charlotte e seu marido era a probabilidade da filha sobreviver.
   Semanas se passaram, 3 exatamente. Cornélia ficou escondida naquela caverna todo esse tempo, saiu apenas para pegar um pouco de água num lago próximo e frutas para comer, em seguida voltava para se esconder. Ela não era boba, e sabia que iriam procurar por ela pela floresta e pelas casas dos camponeses, por isso se manteve escondida o máximo possível. Todo aquele tempo escondida, Cornélia pôde observar com cuidado o colar que a mãe lhe dera, era de ouro com uma pedra verde pendurada e na parte de trás da pedra estava escrito o seu nome "Cornélia" em letras muito bonitas. Observou, também o conteúdo da bolsa e se decepcionou, havia uma muda de roupas simples, de camponesa, não era um vestido, era uma calça, blusa e botas, com uma fita para amarrar o cabelo. E uma valise para ela carregar água. Só. Não havia mais nada, para grande decepção da menina. Isso a fizera cair na realidade e ver que estava sozinha e sem nada.
   Ela trocou a sua roupa pela que estava na bolsa na mesma noite do ataque, o vestido, os brincos e colar que usava na noite foram colocados na bolsa. Ela colocou no pescoço o colar que sua mãe lhe dera sob a blusa. Amarrara o cabelo também, embora fosse um pouco curto.
   Só depois daquelas 3 semanas que Cornélia sentiu a segurança de sair daquele buraco que estava para explorar a floresta. Ela já expulsara a ideia de ir para a casa que a aguardava, sabia que seria capturada se fizesse isso, então ela decidira ir mais fundo na floresta e conhece-la, para que pudesse viver lá o tempo necessário.
    O reino de Lient começava a ser reconstruído, o ataque havia destruído estábulos, feiras... Os novos guardas trouxeram a notícia ao rei: a princesa não fora encontrada. E logo passou-se a pensar em uma possibilidade. Robert foi até as masmorras dar a notícia aos prisioneiros:
- Lamento dizer, mas sua filha está morta, e seu corpo se quer foi encontrado - não parecia que realmente lamentava, tinha um sorriso malicioso no rosto querendo causar medo e tristeza em Charlotte e Henri. E conseguiu.

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