quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Capítulo 5 - Plantas do campo

   Era bem cedo quando decidiram voltar a caminhada. Caleb decidira ser mais amigável com Cornélia para saber mais dela, afinal andariam juntos por uma semana até chegarem ao reino.
- Me diga, por que você mora aqui? Aposto que você não foi banida de lugar algum.
- É... - e lá estava ela embaraçada de novo - É meio complicado...
   Caleb decidiu não insistir. Por que ela agia dessa forma ao pergunta-la sobre sua identidade?
- Você poderia se descrever pra mim. Sei que é algo meio estranho, mas se você vai andar comigo eu gostaria de saber como você é e não posso vê-la. - ao dizer isso o rapaz deu uma risada, ele parecia achar engraçado o fato de ser cego, ou será que era simplesmente conformado com o fato?
- Tá. Não sou muito alta. Tenho a pele bem clara. Meus cabelos são bem compridos e ruivos.
- Ruivos? Isso não é muito comum.
   Como ela odiava quando dizia coisas que podiam deixar clara a sua identidade. Para sua sorte ele não via o assombro em seu rosto por ter feito tal deslize.
- É, é meio estranho. - ela concordou, de cabeça baixa.
   Depois disso os dois ficaram um bom tempo em um silêncio constrangido. Quando o sol estava no topo no céu Cornélia pegou algumas frutas para os dois, poucas, mas o suficiente e comeram andando, ainda em silêncio.
   Infelizmente a floresta não deixaria que a caminhada dos dois fosse calma. Eles se encontravam em um campo, uma visão rara na floresta, só havia plantas rasteiras e nenhuma árvore. O que tornava tudo mais perigoso, onde se esconderiam se precisassem? Foi então que aconteceu. Caleb pisou em uma pedra e tropeçou, mas a queda demorou mais do que deveria. Havia um buraco coberto de plantas que dava para um longo túnel. Assim ele deslizou por esse túnel que acabava em uma caverna subterrânea.
- Caleb?! Onde está você? - o medo tomava conta de Cornélia.
  Caleb gritou, mas ela não ouvia, ele devia estar longe. E então ouviu a garota gritar novamente, mas não era por ele, algo estava acontecendo. Como ele acharia um local para sair sem a ajuda de Naif? Ele começou a tatear as paredes à procura de algum outro túnel, ele sabia que através do qual entrara naquela caverna ele não conseguiria voltar ao campo, era muito escorregadio.
   O rapaz ouviu mais um grito. O medo começou a tomar conta dele. "Por que está tão preocupado? Você nunca se preocupou com ninguém!" ele pensava em quanto procurava uma passagem. Parecia ter passado horas quando ele finalmente conseguia achar um buraco que conseguisse escalar. E conseguiu. Ao chegar, Naif imediatamente veio até ele e tentou guia-lo até Cornélia. Ela estava cercada de plantas de dois metros com longos braços que tentavam capturá-la, ela lutava para que não encostassem nela, mas estava difícil ela estava exausta e seus reflexos estavam ficando lentos, lentos o suficiente para que uma das plantas finalmente conseguisse pegá-la.
   Cornélia gritava pedindo ajuda, as plantas foram ágeis e cercaram ela para conseguirem pegá-la e conseguiram. Ela sentia que gritava em vão, pensar que Caleb a havia deixado para trás era inevitável.
   Naif indicava como Caleb deveria atacar a planta e assim o fez, ele batia nela com seu bastão guia, mas não funcionava. Então teve uma ideia e começou rapidamente a tentar cria fogo em um graveto. Quando conseguiu Cornélia não gritava mais, ela sentia que não adiantava, e a planta a apertava cada vez mais dificultando sua respiração. Neste momento que viu o brilho vermelho, e finalmente sua esperança voltara Caleb não a deixara. O rapaz investia com o fogo e as plantas iam para trás, estava funcionado, foi chegando perto daquela que tinha a princesa como prisioneira e bateu com força no braço da planta que a mantinha presa, Cornélia caiu com um baque no chão.
   Pouco depois, ainda aturdida no chão, Caleb apareceu perto dela e a ajudou a levantar. Os dois estavam em um estado deplorável. Cornélia tinha manchas por todo o corpo por causa do aperto da planta, enquanto Caleb tinha cortes no rosto, braços e as mãos inchadas. Ao levantar a princesa simplesmente abraçou o rapaz.
- Achei que você tinha me deixado, entrei em desespero e não percebi aquelas plantas! Isso nunca aconteceu! Muito obrigada eu achei que ia morrer!
- Calma, está tudo bem. - ele precisava tranquiliza-la antes de voltarem a fazer a viagem - Eu apenas caí em um buraco, mas eu voltei não está vendo?
- É... Sim... - ela ficara encabulada, porque tinha que ser tão desesperada? - Precisamos encontrar um lugar  para nos limpar, você está cheio de cortes. Venha!
   Pouco depois do campo havia um riacho e pararam lá. Caleb tentou resistir, mas Cornélia era muito teimosa e ele acabou deixando que ela cuidasse de seus cortes. Ela encontrou algumas folhas que poderiam ajudar na cicatrização e esfregou nos cortes em seguida passou água, ela fez isso em todos os cortes.
   Caleb achava estranho estar sendo cuidado por uma garota, era algo completamente novo para ele. Ele sentia os dedos da moça em sua pele, eram ao mesmo tempo delicados e rudes. Ele podia sentir através dos dedos dela que ela não mentira ao dizer que morava na floresta, os calos provavam isso.
   Depois de cuidar dele, a princesa foi cuidar de si mesma. Levantou a blusa para cuidar de sua barriga, estava quase roxa e doía, ela passou com cuidado as mesmas folhas e um pouco da água. Ela sabia que iria doer mais tarde. Resolveu pegar mais daquelas folhas e arranjou um jeito de amarra-las em torno do corpo, era um pouco desconfortável, mas podia ajudar a diminuir a dor. Caleb esperou sentado numa rocha , olhando para o longe sem realmente ver alguma coisa, ele fazia isso com frequência.
   Logo voltaram a andar, um pouco mais devagar, pois o machucado de Cornélia realmente a incomodava. A princesa pensou que Caleb reclamaria disso, mas não, ele não falou nada, apenas diminui o passo. Parecia que ele entendia que ela estava se esforçando, mesmo não transmitindo isso em palavras.

Um comentário:

  1. eu vi seu comentario na capricho dizendo do seu blog e eu gostei muito voce escreve de uma maneira que nao fica chato de ler agora voce tem mais uma seguidora voce escreve muito bem.

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