O dia começava, o sol se erguia, os pássaros cantavam... Cornélia retirava as folhas que envolviam a sua barriga, Caleb esperava. A noite não fora das melhores, nenhum dos dois conseguira descansar, preocupações giravam em suas cabeças a todo instante. No entanto, era hora de se erguerem e continuarem a caminhada. O dia ia calmo, nenhum dos dois falava muito. Quando falavam eram comentários de algum animal, planta, eram conversas aleatória que se dispersavam rapidamente.
O sol estava em pico quando chegaram ao Vale dos Dragões. Um lugar perigoso para dois humanos, os dragões daquele local não eram muito amigáveis e para eles "humanos" era sinônimo de refeição.
- Precisamos fazer o menor barulho possível e ficar juntos. Segure minha mão.
Cornélia detestava quando Caleb a tratava como uma garotinha indefesa. Ela já passara pelo menos duas vezes pelo vale e sozinha. Mas era melhor fazer o que ele dizia, discutir em um local como aquele não era nada inteligente. Naif voava a frente, bem baixo na altura do ombro do rapaz que ia atrás dele, em seguida, vinha a princesa. Os dois estavam de mãos dadas para não se separarem, mas nem um nem o outro se sentia muito confortável com aquilo. Tanto um quanto o outro, não estavam acostumados ficarem tanto tempo com alguém, principalmente do sexo oposto, então era normal aquela sensação de desconforto.
Escolheram um caminho largo para a passagem dos três, era um túnel aberto. Paredes de pedra dos dois lados, mas em cima, era aberto. Tinha a aparência recente. Provavelmente em uma briga de dragões algum deles espirrara fogo naquela direção abrindo o caminho. Perceberam tarde de mais que erraram na escolha. Aquela trilha não contornava o Vale como haviam pensado, mas ia bem para o meio dele. Caleb praguejou em voz baixa. Cornélia não disse nada, tentou esconder a apreensão. Por que nessa viagem estava tudo dando errado?
Naif piou, seria melhor não voltarem. A princesa não entendia o que o falcão "dizia", mas Caleb estava familiarizado com isso. Assim eles continuaram andando, mesmo no meio do Vale, mas ficavam encostados nas paredes de rocha. Cornélia havia soltado da mão dele. Ele fingira que não notara, embora o incomodasse um pouco, pois assim ficava mais difícil de saber se a garota estava atrás dele. E, depois da noite passada, Caleb estava preocupado com ela.
Ficaram o dia inteiro andando, o sol começava a baixar e eles ainda estavam no Vale dos Dragões. Os dois andaram com tanta cautela que seus músculos estavam começando a ficar rígidos. Embora a dor fosse chata era suportável. Precisavam sair daquele lugar o quanto antes.
Mas a coisa não era tão simples.
Já era noite. Naif encontrara uma gruta para que pudessem descansar um pouco. Cornélia sentou-se no chão a um canto esgotada. Caleb sentou-se em cima de uma rocha em outro canto. Estavam com fome, mas nenhum deles reclamava. Não falaram por alguns minutos até que Caleb levantou e tentou procurar por Cornélia, era meio estranho vê-lo de pé com uma mão estendida e a outra em seu bastão guia. Ela percebeu o que ele queria rapidamente, levantou-se também, pegou na mão dele, o guiou até onde estava antes e os dois sentaram-se no chão. E ele começou a falar, bem baixo.
- Acho melhor continuarmos andando.
- Caleb, você sabe que é perigoso demais. Durante o dia os dragões podem estar voando, caçando, mas à noite eles vêm pra cá.
- Eu sei. Por isso quero que você me guie, quando algum dragão se aproximar nos escondemos. Tenho uma boa audição, mas preciso enxergar a minha volta também. Peço que você seja meus olhos.
Ele queria sair logo do Vale, aquele lugar lhe traziam más lembranças.
Cornélia acabou cedendo ao pedido dele. Logo saíram da gruta de mãos dadas novamente, mas dessa vez era Cornélia que estava atrás de Naif e Caleb vinha atrás dela. Iam em frente com mais cautela, andavam se escondendo a todo o momento mesmo que não houvesse nenhuma ameaça aparente. Se tinha uma coisa que a princesa era boa era em se esconder, fizera isso uma boa parte de sua vida.
Parecia que fazia horas que estavam andando, se aproximavam do fim do Vale dos Dragões, até que finalmente um dragão se aproximou. Caleb conseguiu ouvir as asas dele e Cornélia viu sua sombra antes do dragão voar perto deles. O mais rápido que conseguiram se esconderam atrás de algumas rochas meio arredondadas, havia o suficiente delas para conseguirem não serem vistos e agacharam-se bem próximo ao chão. Naif voara para longe, algum lugar não visível. Esperaram. O dragão começou a se distanciar. Começaram a andar para trás ainda meio abaixados.
Mesmo com olhos Cornélia não foi capaz de enxergar o suficiente. Ela bateu com força em algo muito sólido, no início achou que fosse uma pedra, mas era diferente, parecia ter escamas. O horror tomou conta de seu rosto ao se virar e ver as costas de um dragão. O susto foi ainda maior quando subitamente percebeu que aquilo que ela tomara por rochas eram na verdade ovos. Estavam no ninho do dragão.
- Precisamos sair daqui rápido. - dizendo isso a princesa puxou Caleb e começou a correr, nem se importando com o barulho. Já era tarde mesmo, o dragão que ela chocara-se já havia visto eles.
Caleb correu sem entender, até que ouviu o rugido. Então começou a correr acompanhando Cornélia.
- Qual é o tamanho? É adulto? - perguntou.
- Não sei! Acho que ainda não é adulto, mas não é uma criança. Meio termo talvez.
Naif apareceu novamente. Cornélia começou a segui-lo puxando o rapaz consigo. O dragão parecia não estar tão preocupado com os invasores. Terrível engano. Caleb sentiu o calor vindo em sua direção e tentou correr mais rápido. O dragão não se preocupara em seguir os invasores preferiu usar o fogo.
As chamas logo alcançariam os dois, Naif poderia voar e escapar, mas os dois fariam o que? Cornélia nem pensou muito, o fogo estava prestes a alcança-los e queima-los, ao ver uma abertura na parede rochosa pulou lá dentro e puxou Caleb. O túnel os levava para baixo e foram escorregando. O fogo do dragão não entrou muito no túnel, fora um jato de chamas muito reto para se desviar daquele modo. O túnel era longo e os dois escorregavam sem protestos. Finalmente acabou, Cornélia foi de cara no chão e Caleb caiu em cima dela.
A boa notícia era que estavam fora do Vale dos Dragões.
Caleb levantou-se com dificuldade, balbuciava desculpas a Cornélia por ter caído em cima dela. Já de pé eles começaram a ir em frente se distanciando o máximo possível do Vale. Estavam ofegantes. Naif ainda não aparecera, ele sumira assim que entraram naquele túnel. Os dois só pararam ao chegarem a uma árvore com raízes enormes que poderia abriga-los e era longe o suficiente do Vale dos Dragões.
- Não se preocupe, Naif sabe se virar sozinho, logo ele aparece.
O rapaz tentou parecer tranquilizador mas uma interjeição de dor o delatou. Cornélia olhou para ele que segurava o braço.
- Deixe-me ver.
- Não, eu estou bem, não é nada.
- Caleb, você se machucou, me mostra o seu braço. - ela falou um pouco autoritária demais, mas funcionou ele estendeu o braço machucado para que ela pudesse analisar.
A manga da camiseta de Caleb estava um pouco preta e uma parte do tecido foi consumido pelas chamas. No seu braço tinha uma queimadura não muito comprida próximo ao pulso. Estava bem vermelha.
- Precisamos colocar isso na água, espera aqui.
- Aonde você vai?
- Vou ver se acho alguma coisa pra ajudar nessa queimadura.
E ela foi e ele ficou. Ele se sentia mal toda vez que ela "cuidava" dele.
Ela voltou rápido com várias folhas na mão. E começou a amassá-las na ferida.
- Não achei exatamente a planta que eu queria, mas essas são boas também...
- Cornélia, eu... Eu sinto muito - ele estava de cabeça baixa.
- Pelo que? Você não fez nada de errado, pelo contrário, você tem me ajudado muito.
- Você estava certa não deveríamos ter tentado sair daquele lugar durante a noite.
Ela olhava pra ele surpresa. Ele sentia-se culpado, pedia desculpas a ela, mas quem estava ferido era ele.
- Você não tem que se desculpar. O importante é que saímos de lá. E que você precisa descansar. Eu vigio primeiro.
Dito isso, com o braço enfaixado, Caleb virou-se e deitou no chão tentando dormir. Mas não parava de pensar. Queria entender mais daquela garota que estava com ele. Ela era tão boa com ele como ninguém nunca fora depois que sua mãe morreu e ele ficou cego. Caleb agitou a cabeça tentando expulsar pensamentos tristes e se entregou ao sono.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Capítulo 6 - Sonho ruim
O resto do dia foi relativamente calmo, tirando os momentos que foram atacados por alguns animais, mas isso não foi um grande problema, conseguiram espanta-los com facilidade. A noite já caía e decidiram parar para descansar. Os machucados de ambos doíam pouco, Cornélia ainda sentia um grande incômodo onde a planta a apertara, mas conseguia aguentar sem reclamar, embora às vezes fosse impossível não fazer uma pequena exclamação de dor.
Caleb precisou insistir muito para que ela descansasse primeiro e só depois de muita discussão conseguiu. A princesa odiava perder uma discussão, mas as palavras de Caleb ainda estavam em sua cabeça.
-Você está mais machucada, sentindo mais dor, mais cansada, é você que precisa descansar! - foi o que ele disse quase aos gritos, e finalmente Cornélia resolveu ficar quieta.
A garota preparou uma cama com as folhas para seu maior conforto, estava difícil dormir essa noite a dor a atormentava a todo o momento. Caleb estava certo, ela precisava descansar. Demorou um pouco, mas finalmente a princesa se rendeu ao sono. E os sonhos vieram.
Cornélia estava em pé observando a noite da sua fuga, ela via sua mãe sendo pega pelos invasores. Ela começou a correr para tentar salvá-la, mas não conseguia alcança-la. Então ela caiu em um lago e começou a afundar. Caleb estava lá ele olhava para ela da margem e não se mexia. Ela gritava por ajuda, mas ele não vinha. Em seguida, a princesa viu seus pais serem jogados no mesmo lago e começarem a afundar, novamente ela tentava chegar a eles para salvá-los e não sucedia. Uma sensação horrível começou a passar em todo seu corpo.
- Cornélia!
Ela só acordou depois de Caleb tê-la sacudido diversas vezes. Cornélia tinha o rosto molhado de lágrimas e pela cara de desespero do rapaz ela sabia que havia gritado ou dito algo enquanto dormia.
- Você está bem?
- Sim - ela estava sem jeito - Foi só... Um pesadelo, só isso.
Ela tinha medo de perguntar o que dissera enquanto dormia, tinha medo acima de tudo de ele ter percebido que ela não era uma simples camponesa, mas muito mais.
- Tente dormir mais um pouco. - ele disse e ela obedeceu sem reclamar, estava envergonhada demais para falar.
Caleb ficou em silêncio pensando. Ele ainda podia ouvir os gritos de Cornélia. Ela gritara pelo pai, pela mãe e por ele. As perguntas queimavam em seu intimo querendo uma resposta, embora ele soubesse que ela não responderia. Cada vez mais ele desconfiava daquela garota deitada perto dele. O passado dela não parecia ser dos melhores. Afinal, quem é ela?
Caleb precisou insistir muito para que ela descansasse primeiro e só depois de muita discussão conseguiu. A princesa odiava perder uma discussão, mas as palavras de Caleb ainda estavam em sua cabeça.
-Você está mais machucada, sentindo mais dor, mais cansada, é você que precisa descansar! - foi o que ele disse quase aos gritos, e finalmente Cornélia resolveu ficar quieta.
A garota preparou uma cama com as folhas para seu maior conforto, estava difícil dormir essa noite a dor a atormentava a todo o momento. Caleb estava certo, ela precisava descansar. Demorou um pouco, mas finalmente a princesa se rendeu ao sono. E os sonhos vieram.
Cornélia estava em pé observando a noite da sua fuga, ela via sua mãe sendo pega pelos invasores. Ela começou a correr para tentar salvá-la, mas não conseguia alcança-la. Então ela caiu em um lago e começou a afundar. Caleb estava lá ele olhava para ela da margem e não se mexia. Ela gritava por ajuda, mas ele não vinha. Em seguida, a princesa viu seus pais serem jogados no mesmo lago e começarem a afundar, novamente ela tentava chegar a eles para salvá-los e não sucedia. Uma sensação horrível começou a passar em todo seu corpo.
- Cornélia!
Ela só acordou depois de Caleb tê-la sacudido diversas vezes. Cornélia tinha o rosto molhado de lágrimas e pela cara de desespero do rapaz ela sabia que havia gritado ou dito algo enquanto dormia.
- Você está bem?
- Sim - ela estava sem jeito - Foi só... Um pesadelo, só isso.
Ela tinha medo de perguntar o que dissera enquanto dormia, tinha medo acima de tudo de ele ter percebido que ela não era uma simples camponesa, mas muito mais.
- Tente dormir mais um pouco. - ele disse e ela obedeceu sem reclamar, estava envergonhada demais para falar.
Caleb ficou em silêncio pensando. Ele ainda podia ouvir os gritos de Cornélia. Ela gritara pelo pai, pela mãe e por ele. As perguntas queimavam em seu intimo querendo uma resposta, embora ele soubesse que ela não responderia. Cada vez mais ele desconfiava daquela garota deitada perto dele. O passado dela não parecia ser dos melhores. Afinal, quem é ela?
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Capítulo 5 - Plantas do campo
Era bem cedo quando decidiram voltar a caminhada. Caleb decidira ser mais amigável com Cornélia para saber mais dela, afinal andariam juntos por uma semana até chegarem ao reino.
- Me diga, por que você mora aqui? Aposto que você não foi banida de lugar algum.
- É... - e lá estava ela embaraçada de novo - É meio complicado...
Caleb decidiu não insistir. Por que ela agia dessa forma ao pergunta-la sobre sua identidade?
- Você poderia se descrever pra mim. Sei que é algo meio estranho, mas se você vai andar comigo eu gostaria de saber como você é e não posso vê-la. - ao dizer isso o rapaz deu uma risada, ele parecia achar engraçado o fato de ser cego, ou será que era simplesmente conformado com o fato?
- Tá. Não sou muito alta. Tenho a pele bem clara. Meus cabelos são bem compridos e ruivos.
- Ruivos? Isso não é muito comum.
Como ela odiava quando dizia coisas que podiam deixar clara a sua identidade. Para sua sorte ele não via o assombro em seu rosto por ter feito tal deslize.
- É, é meio estranho. - ela concordou, de cabeça baixa.
Depois disso os dois ficaram um bom tempo em um silêncio constrangido. Quando o sol estava no topo no céu Cornélia pegou algumas frutas para os dois, poucas, mas o suficiente e comeram andando, ainda em silêncio.
Infelizmente a floresta não deixaria que a caminhada dos dois fosse calma. Eles se encontravam em um campo, uma visão rara na floresta, só havia plantas rasteiras e nenhuma árvore. O que tornava tudo mais perigoso, onde se esconderiam se precisassem? Foi então que aconteceu. Caleb pisou em uma pedra e tropeçou, mas a queda demorou mais do que deveria. Havia um buraco coberto de plantas que dava para um longo túnel. Assim ele deslizou por esse túnel que acabava em uma caverna subterrânea.
- Caleb?! Onde está você? - o medo tomava conta de Cornélia.
Caleb gritou, mas ela não ouvia, ele devia estar longe. E então ouviu a garota gritar novamente, mas não era por ele, algo estava acontecendo. Como ele acharia um local para sair sem a ajuda de Naif? Ele começou a tatear as paredes à procura de algum outro túnel, ele sabia que através do qual entrara naquela caverna ele não conseguiria voltar ao campo, era muito escorregadio.
O rapaz ouviu mais um grito. O medo começou a tomar conta dele. "Por que está tão preocupado? Você nunca se preocupou com ninguém!" ele pensava em quanto procurava uma passagem. Parecia ter passado horas quando ele finalmente conseguia achar um buraco que conseguisse escalar. E conseguiu. Ao chegar, Naif imediatamente veio até ele e tentou guia-lo até Cornélia. Ela estava cercada de plantas de dois metros com longos braços que tentavam capturá-la, ela lutava para que não encostassem nela, mas estava difícil ela estava exausta e seus reflexos estavam ficando lentos, lentos o suficiente para que uma das plantas finalmente conseguisse pegá-la.
Cornélia gritava pedindo ajuda, as plantas foram ágeis e cercaram ela para conseguirem pegá-la e conseguiram. Ela sentia que gritava em vão, pensar que Caleb a havia deixado para trás era inevitável.
Naif indicava como Caleb deveria atacar a planta e assim o fez, ele batia nela com seu bastão guia, mas não funcionava. Então teve uma ideia e começou rapidamente a tentar cria fogo em um graveto. Quando conseguiu Cornélia não gritava mais, ela sentia que não adiantava, e a planta a apertava cada vez mais dificultando sua respiração. Neste momento que viu o brilho vermelho, e finalmente sua esperança voltara Caleb não a deixara. O rapaz investia com o fogo e as plantas iam para trás, estava funcionado, foi chegando perto daquela que tinha a princesa como prisioneira e bateu com força no braço da planta que a mantinha presa, Cornélia caiu com um baque no chão.
Pouco depois, ainda aturdida no chão, Caleb apareceu perto dela e a ajudou a levantar. Os dois estavam em um estado deplorável. Cornélia tinha manchas por todo o corpo por causa do aperto da planta, enquanto Caleb tinha cortes no rosto, braços e as mãos inchadas. Ao levantar a princesa simplesmente abraçou o rapaz.
- Achei que você tinha me deixado, entrei em desespero e não percebi aquelas plantas! Isso nunca aconteceu! Muito obrigada eu achei que ia morrer!
- Calma, está tudo bem. - ele precisava tranquiliza-la antes de voltarem a fazer a viagem - Eu apenas caí em um buraco, mas eu voltei não está vendo?
- É... Sim... - ela ficara encabulada, porque tinha que ser tão desesperada? - Precisamos encontrar um lugar para nos limpar, você está cheio de cortes. Venha!
Pouco depois do campo havia um riacho e pararam lá. Caleb tentou resistir, mas Cornélia era muito teimosa e ele acabou deixando que ela cuidasse de seus cortes. Ela encontrou algumas folhas que poderiam ajudar na cicatrização e esfregou nos cortes em seguida passou água, ela fez isso em todos os cortes.
Caleb achava estranho estar sendo cuidado por uma garota, era algo completamente novo para ele. Ele sentia os dedos da moça em sua pele, eram ao mesmo tempo delicados e rudes. Ele podia sentir através dos dedos dela que ela não mentira ao dizer que morava na floresta, os calos provavam isso.
Depois de cuidar dele, a princesa foi cuidar de si mesma. Levantou a blusa para cuidar de sua barriga, estava quase roxa e doía, ela passou com cuidado as mesmas folhas e um pouco da água. Ela sabia que iria doer mais tarde. Resolveu pegar mais daquelas folhas e arranjou um jeito de amarra-las em torno do corpo, era um pouco desconfortável, mas podia ajudar a diminuir a dor. Caleb esperou sentado numa rocha , olhando para o longe sem realmente ver alguma coisa, ele fazia isso com frequência.
Logo voltaram a andar, um pouco mais devagar, pois o machucado de Cornélia realmente a incomodava. A princesa pensou que Caleb reclamaria disso, mas não, ele não falou nada, apenas diminui o passo. Parecia que ele entendia que ela estava se esforçando, mesmo não transmitindo isso em palavras.
- Me diga, por que você mora aqui? Aposto que você não foi banida de lugar algum.
- É... - e lá estava ela embaraçada de novo - É meio complicado...
Caleb decidiu não insistir. Por que ela agia dessa forma ao pergunta-la sobre sua identidade?
- Você poderia se descrever pra mim. Sei que é algo meio estranho, mas se você vai andar comigo eu gostaria de saber como você é e não posso vê-la. - ao dizer isso o rapaz deu uma risada, ele parecia achar engraçado o fato de ser cego, ou será que era simplesmente conformado com o fato?
- Tá. Não sou muito alta. Tenho a pele bem clara. Meus cabelos são bem compridos e ruivos.
- Ruivos? Isso não é muito comum.
Como ela odiava quando dizia coisas que podiam deixar clara a sua identidade. Para sua sorte ele não via o assombro em seu rosto por ter feito tal deslize.
- É, é meio estranho. - ela concordou, de cabeça baixa.
Depois disso os dois ficaram um bom tempo em um silêncio constrangido. Quando o sol estava no topo no céu Cornélia pegou algumas frutas para os dois, poucas, mas o suficiente e comeram andando, ainda em silêncio.
Infelizmente a floresta não deixaria que a caminhada dos dois fosse calma. Eles se encontravam em um campo, uma visão rara na floresta, só havia plantas rasteiras e nenhuma árvore. O que tornava tudo mais perigoso, onde se esconderiam se precisassem? Foi então que aconteceu. Caleb pisou em uma pedra e tropeçou, mas a queda demorou mais do que deveria. Havia um buraco coberto de plantas que dava para um longo túnel. Assim ele deslizou por esse túnel que acabava em uma caverna subterrânea.
- Caleb?! Onde está você? - o medo tomava conta de Cornélia.
Caleb gritou, mas ela não ouvia, ele devia estar longe. E então ouviu a garota gritar novamente, mas não era por ele, algo estava acontecendo. Como ele acharia um local para sair sem a ajuda de Naif? Ele começou a tatear as paredes à procura de algum outro túnel, ele sabia que através do qual entrara naquela caverna ele não conseguiria voltar ao campo, era muito escorregadio.
O rapaz ouviu mais um grito. O medo começou a tomar conta dele. "Por que está tão preocupado? Você nunca se preocupou com ninguém!" ele pensava em quanto procurava uma passagem. Parecia ter passado horas quando ele finalmente conseguia achar um buraco que conseguisse escalar. E conseguiu. Ao chegar, Naif imediatamente veio até ele e tentou guia-lo até Cornélia. Ela estava cercada de plantas de dois metros com longos braços que tentavam capturá-la, ela lutava para que não encostassem nela, mas estava difícil ela estava exausta e seus reflexos estavam ficando lentos, lentos o suficiente para que uma das plantas finalmente conseguisse pegá-la.
Cornélia gritava pedindo ajuda, as plantas foram ágeis e cercaram ela para conseguirem pegá-la e conseguiram. Ela sentia que gritava em vão, pensar que Caleb a havia deixado para trás era inevitável.
Naif indicava como Caleb deveria atacar a planta e assim o fez, ele batia nela com seu bastão guia, mas não funcionava. Então teve uma ideia e começou rapidamente a tentar cria fogo em um graveto. Quando conseguiu Cornélia não gritava mais, ela sentia que não adiantava, e a planta a apertava cada vez mais dificultando sua respiração. Neste momento que viu o brilho vermelho, e finalmente sua esperança voltara Caleb não a deixara. O rapaz investia com o fogo e as plantas iam para trás, estava funcionado, foi chegando perto daquela que tinha a princesa como prisioneira e bateu com força no braço da planta que a mantinha presa, Cornélia caiu com um baque no chão.
Pouco depois, ainda aturdida no chão, Caleb apareceu perto dela e a ajudou a levantar. Os dois estavam em um estado deplorável. Cornélia tinha manchas por todo o corpo por causa do aperto da planta, enquanto Caleb tinha cortes no rosto, braços e as mãos inchadas. Ao levantar a princesa simplesmente abraçou o rapaz.
- Achei que você tinha me deixado, entrei em desespero e não percebi aquelas plantas! Isso nunca aconteceu! Muito obrigada eu achei que ia morrer!
- Calma, está tudo bem. - ele precisava tranquiliza-la antes de voltarem a fazer a viagem - Eu apenas caí em um buraco, mas eu voltei não está vendo?
- É... Sim... - ela ficara encabulada, porque tinha que ser tão desesperada? - Precisamos encontrar um lugar para nos limpar, você está cheio de cortes. Venha!
Pouco depois do campo havia um riacho e pararam lá. Caleb tentou resistir, mas Cornélia era muito teimosa e ele acabou deixando que ela cuidasse de seus cortes. Ela encontrou algumas folhas que poderiam ajudar na cicatrização e esfregou nos cortes em seguida passou água, ela fez isso em todos os cortes.
Caleb achava estranho estar sendo cuidado por uma garota, era algo completamente novo para ele. Ele sentia os dedos da moça em sua pele, eram ao mesmo tempo delicados e rudes. Ele podia sentir através dos dedos dela que ela não mentira ao dizer que morava na floresta, os calos provavam isso.
Depois de cuidar dele, a princesa foi cuidar de si mesma. Levantou a blusa para cuidar de sua barriga, estava quase roxa e doía, ela passou com cuidado as mesmas folhas e um pouco da água. Ela sabia que iria doer mais tarde. Resolveu pegar mais daquelas folhas e arranjou um jeito de amarra-las em torno do corpo, era um pouco desconfortável, mas podia ajudar a diminuir a dor. Caleb esperou sentado numa rocha , olhando para o longe sem realmente ver alguma coisa, ele fazia isso com frequência.
Logo voltaram a andar, um pouco mais devagar, pois o machucado de Cornélia realmente a incomodava. A princesa pensou que Caleb reclamaria disso, mas não, ele não falou nada, apenas diminui o passo. Parecia que ele entendia que ela estava se esforçando, mesmo não transmitindo isso em palavras.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Capítulo 4 - Pensamentos
Estar ao lado de alguém era algo reconfortante tanto para Cornélia quanto para Caleb, embora às vezes fosse um tanto irritante. Eles andaram o dia inteiro sem terem muitos problemas e já era hora de parar, pois ficar na floresta à noite não era muito prazeroso muito menos andar por aí.
Os dois decidiram dormir perto das raízes de uma árvore que os protegeriam de olhos curiosos e fazerem turnos para vigiarem. Caleb arrumou um pouco de folhas secas para sentar no chão mais confortavelmente. Cornélia pegara folhas para deitar. Ela descansaria primeiro.
Logo a princesa caiu no sono deixando Caleb perdido em pensamentos. O rapaz pensava no como a encontrou e se perguntava por que ficara escondida? Por que ficou tão assustada para responder quem era? Isso a cegueira o ajudara. Sendo cego o rapaz aprendeu a ouvir melhor e conseguia distinguir alguns sentimentos quando alguém falava com ele mesmo se a pessoa tentasse esconder.
Como combinado ele a acordou para ela vigiar. Ao contrário dela, ele demorou para dormir, embora estivesse de olhos fechados era aparente a sua agitação. Mas o cansaço o venceu.
Agora era a vez de Cornélia se perder em pensamentos, mas os dela não se referiam ao rapaz que dormia ao lado dela. E sim aos seus pais. Eles estavam vivos! Por anos ela se perguntara como estariam e finalmente teve a resposta. No entanto saber que foram condenados à morte não era muito reconfortante. Ela queria chegar logo no reino para salvá-los. Mas como? Ela era só uma menina magricela sem nenhum talento especial.
Já passara a hora dela acordar Caleb, mas ela não conseguia. Ao olhar para ele deitado, dormindo, em paz, ela pensava "Para quê perturbar seu sono?". Mas o cansaço é muito poderoso. E mesmo Caleb tendo dormido um pouco mais, a princesa precisou acordá-lo para que ela pudesse descansar mais um pouco para mais um dia longo de caminhada.
A noite estava calma, a floresta silenciosa. O som mais próximo deles era do pássaro de Caleb. E assim foi passando o tempo os dois fazendo turnos de vigia e descanso, preparando-se para o amanhecer.
Os dois decidiram dormir perto das raízes de uma árvore que os protegeriam de olhos curiosos e fazerem turnos para vigiarem. Caleb arrumou um pouco de folhas secas para sentar no chão mais confortavelmente. Cornélia pegara folhas para deitar. Ela descansaria primeiro.
Logo a princesa caiu no sono deixando Caleb perdido em pensamentos. O rapaz pensava no como a encontrou e se perguntava por que ficara escondida? Por que ficou tão assustada para responder quem era? Isso a cegueira o ajudara. Sendo cego o rapaz aprendeu a ouvir melhor e conseguia distinguir alguns sentimentos quando alguém falava com ele mesmo se a pessoa tentasse esconder.
Como combinado ele a acordou para ela vigiar. Ao contrário dela, ele demorou para dormir, embora estivesse de olhos fechados era aparente a sua agitação. Mas o cansaço o venceu.
Agora era a vez de Cornélia se perder em pensamentos, mas os dela não se referiam ao rapaz que dormia ao lado dela. E sim aos seus pais. Eles estavam vivos! Por anos ela se perguntara como estariam e finalmente teve a resposta. No entanto saber que foram condenados à morte não era muito reconfortante. Ela queria chegar logo no reino para salvá-los. Mas como? Ela era só uma menina magricela sem nenhum talento especial.
Já passara a hora dela acordar Caleb, mas ela não conseguia. Ao olhar para ele deitado, dormindo, em paz, ela pensava "Para quê perturbar seu sono?". Mas o cansaço é muito poderoso. E mesmo Caleb tendo dormido um pouco mais, a princesa precisou acordá-lo para que ela pudesse descansar mais um pouco para mais um dia longo de caminhada.
A noite estava calma, a floresta silenciosa. O som mais próximo deles era do pássaro de Caleb. E assim foi passando o tempo os dois fazendo turnos de vigia e descanso, preparando-se para o amanhecer.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Capítulo 3 - Caleb
Era uma tarde quente. Cornélia tomava um banho num lago tranquilamente, embora o "tranquilamente" dela não fosse exatamente tranquilo, ela tinha que estar sempre prestando atenção ao menor sinal de passos. Mas até aquele momento não ouvira nada.
Já estava seca e vestida quando ouviu um barulho. Era o som de passos bem lentos e abafados, além do som de um pássaro, o som das asas. Rapidamente, Cornélia subiu na árvore mais próxima com a maior quantia de galhos e folhas que pudessem lhe esconder. E lá ela ficou em silêncio, esperando que o estranho passasse e fosse embora. Alguns minutos depois, ela conseguiu ver quem era. Era um homem, mais um rapaz na verdade, talvez um ano mais velho que ela. Era alto (na verdade para ela a maioria das pessoas eram altas, afinal ela mal chegava a 1 metro e 60), tinha o cabelo até os ombros e castanhos, parecia ser um tanto forte. Era bonito. Com ele veio um pequeno falcão que parecia dócil, como se fosse o animal de estimação do rapaz.
Cornélia tomou o cuidado para não fazer barulho nem quando respirava. Mas parecia que ainda assim ele escutava, era como se ele pudesse ouvir os seus batimentos cardíacos. O rapaz estava desconfiado. O falcão passou perto da árvore que Cornélia estava e piou, isso a assustou, pois o pio do pássaro alarmou ainda mais o rapaz. E o falcão repetiu.
- Quem está aí? - o rapaz perguntou para o nada. Ele olhava em volta, mas não sabia para onde olhar, simplesmente mexia-se em círculos.
O coração de Cornélia dava pulos de medo. Como ele soubera que ela estava lá? Depois de todos esses anos ela conseguira se esconder de todos.
O falcão voou mais perto da árvore, mais perto da princesa e piou ainda mais alto.
- Quem está aí? - o rapaz perguntou de novo, sua voz estava inquieta e preocupada, embora não soasse medo.
De repente, o falcão estava bem diante de seus olhos no meio da árvore em que estava. Cornélia arregalou os olhos, o pássaro começou a bater as asas em seu rosto, mas não a machucou. Depois desceu para perto do rapaz, e fez alguns barulhos como se estivesse falando com ele.
- Eu sei que tem alguém aqui. Apareça!
O falcão voltou, e começou a cutucar Cornélia com o bico. O galho em que ela estava balançou. Ela tentou se desviar dele, mas não deu certo. Assim que perdeu o equilíbrio o pássaro voou em direção ao rapaz e piou. Mas Cornélia não conseguiu prestar muito atenção, pois em seguida começou a cair, para sua sorte, ou azar, a árvore era alta e a queda demoraria um pouco. No entanto ela não conseguiu conter um grito. Já estava a espera de sentir o chão e quebrar os ossos, mas o que sentiu não foi o chão, pelo contrário, ela estava acima do chão.
Demorou alguns segundos para Cornélia perceber onde estava. O rapaz a salvara. Ela não sabia exatamente como, mas o pássaro parecia que havia dito a ele que ela iria cair e ele ficou no local em que ela se chocaria com o chão. Ele a segurava com firmeza, embora não a machucasse, e, sobretudo, sem medo. Mas ele não olhava para ela.
- Quem é você? - ele estava incrédulo, completamente surpreso. Era como se estivesse esperando um homem gordo e não uma garota magricela.
- É... Bem... - afinal o que Cornélia poderia responder.
"Oi, sou uma princesa que foge à 8 anos." ela pensou, mas não poderia simplesmente dizer isso e ele esperava por sua resposta. Ele ainda a mantinha nos seus braços, isso a desconcentrava ainda mais.
- Eu... Eu é que pergunto. Quem é você que me salvou? Eu podia ter morrido! Devo agradecê-lo.
Embora não estivesse satisfeito, ele não teve medo dela e a respondeu sem receio.
- Sou Caleb. E você?
- Eu... - por que ele tinha que insistir? - Eu sou Cornélia! Sou uma simples camponesa. - será que ele acreditaria?
- Já ouvi esse nome antes...
- Com certeza deve ter ouvido. É um nome tão comum!- ela ria nervosamente enquanto falava.
Aparentemente, ele acreditou no que ela disse e a colocou no chão com cuidado.
- O que a traz aqui para a floresta? Está perdida? - Caleb perguntou
- Não. Eu moro aqui. Há anos eu moro aqui, moro a mais tempo do que você possa imaginar. - sua voz soou mais indignada do que ela desejara.
- Mora aqui? - ele duvidava dela - Nunca a vi em parte alguma da floresta. E eu também moro aqui há muito tempo.
- Ora, a floresta é muito grande. A maior da região.
Assim que disse isso se arrependeu. Não eram muitos que haviam estudado e sabiam de tal fato. Ela praticamente se entregara. Mas ele pareceu não notar. Ele já estava começando a aborrecê-la.
- Então, porque simplesmente se mudou para a floresta? - ao dizer isso ele aproximou seu rosto do dela, mas ainda assim não olhava em seus olhos. Isso chamou a atenção de Cornélia e ela chegou mais perto dele, foi aí que percebeu.
- Você... É cego. - ela disse quase em um sussurro.
- Se você não tivesse dito eu nem teria percebido.
- Eu sinto muito. Mas viver na floresta não é mais perigoso para você?
- Você não tem escolha quando é banido. - ao dizer isso Cornélia sentiu um pouco de pena dele.
Caleb já estava se virando para ir embora, mas Cornélia segurou seu braço.
- Como você soube que eu estava aqui? - isso a deixava inquieta. Durante anos ela se escondeu de vários homens que perambulavam pela floresta e o único que a encontrou era cego.
- Não foi difícil, eu tenho Naif para me ajudar.
- Quem?
- Naif. Foi ele que a viu e não eu. - falando isso ele fez um gesto e em seguida o falcão que a fizera cair pousou em seu braço. - Agora, se não se importa foi um prazer te conhecer, com licença.
Caleb foi tão irônico com Cornélia que a deixou nervosa. Mas ele nem notou e simplesmente virou-se para ir embora.
- Espere onde está indo?
- Onde mais? Para o Reino de Hale, desculpe de Lient, sempre esqueço a pequena mudança. Irão executar o rei e a rainha Hale. Queria estar por perto para pelo menos ouvir a desgraça. Não sei se você foi a favor da troca do trono, mas eu não sou muito.
- Nem eu. - e sua voz foi morrendo.
O coração da princesa começou a palpitar. Então, seus pais estavam vivos e irião morrer logo.
- Quando? - ela perguntou esperançosa.
- Em uma semana. Por isso tenho que ir logo. Como disse, é uma floresta muito grande.
- Espere! Posso ir com você?
- O quê? Nem pensar você só irá me causar problemas. - ele estava indignado com a pergunta, o que deixou Cornélia com mais vontade de acompanha-lo.
- Eu conheço a floresta assim como você. Então, se você não me deixar ir com você, vou segui-lo. - ela lhe deixara sem escolha, e isso a divertia.
- Faça como quiser. - ele disse derrotado.
Ele foi andando na direção norte, rumo ao reino, e ela foi junto, feliz por finalmente ter uma companhia humana.
Já estava seca e vestida quando ouviu um barulho. Era o som de passos bem lentos e abafados, além do som de um pássaro, o som das asas. Rapidamente, Cornélia subiu na árvore mais próxima com a maior quantia de galhos e folhas que pudessem lhe esconder. E lá ela ficou em silêncio, esperando que o estranho passasse e fosse embora. Alguns minutos depois, ela conseguiu ver quem era. Era um homem, mais um rapaz na verdade, talvez um ano mais velho que ela. Era alto (na verdade para ela a maioria das pessoas eram altas, afinal ela mal chegava a 1 metro e 60), tinha o cabelo até os ombros e castanhos, parecia ser um tanto forte. Era bonito. Com ele veio um pequeno falcão que parecia dócil, como se fosse o animal de estimação do rapaz.
Cornélia tomou o cuidado para não fazer barulho nem quando respirava. Mas parecia que ainda assim ele escutava, era como se ele pudesse ouvir os seus batimentos cardíacos. O rapaz estava desconfiado. O falcão passou perto da árvore que Cornélia estava e piou, isso a assustou, pois o pio do pássaro alarmou ainda mais o rapaz. E o falcão repetiu.
- Quem está aí? - o rapaz perguntou para o nada. Ele olhava em volta, mas não sabia para onde olhar, simplesmente mexia-se em círculos.
O coração de Cornélia dava pulos de medo. Como ele soubera que ela estava lá? Depois de todos esses anos ela conseguira se esconder de todos.
O falcão voou mais perto da árvore, mais perto da princesa e piou ainda mais alto.
- Quem está aí? - o rapaz perguntou de novo, sua voz estava inquieta e preocupada, embora não soasse medo.
De repente, o falcão estava bem diante de seus olhos no meio da árvore em que estava. Cornélia arregalou os olhos, o pássaro começou a bater as asas em seu rosto, mas não a machucou. Depois desceu para perto do rapaz, e fez alguns barulhos como se estivesse falando com ele.
- Eu sei que tem alguém aqui. Apareça!
O falcão voltou, e começou a cutucar Cornélia com o bico. O galho em que ela estava balançou. Ela tentou se desviar dele, mas não deu certo. Assim que perdeu o equilíbrio o pássaro voou em direção ao rapaz e piou. Mas Cornélia não conseguiu prestar muito atenção, pois em seguida começou a cair, para sua sorte, ou azar, a árvore era alta e a queda demoraria um pouco. No entanto ela não conseguiu conter um grito. Já estava a espera de sentir o chão e quebrar os ossos, mas o que sentiu não foi o chão, pelo contrário, ela estava acima do chão.
Demorou alguns segundos para Cornélia perceber onde estava. O rapaz a salvara. Ela não sabia exatamente como, mas o pássaro parecia que havia dito a ele que ela iria cair e ele ficou no local em que ela se chocaria com o chão. Ele a segurava com firmeza, embora não a machucasse, e, sobretudo, sem medo. Mas ele não olhava para ela.
- Quem é você? - ele estava incrédulo, completamente surpreso. Era como se estivesse esperando um homem gordo e não uma garota magricela.
- É... Bem... - afinal o que Cornélia poderia responder.
"Oi, sou uma princesa que foge à 8 anos." ela pensou, mas não poderia simplesmente dizer isso e ele esperava por sua resposta. Ele ainda a mantinha nos seus braços, isso a desconcentrava ainda mais.
- Eu... Eu é que pergunto. Quem é você que me salvou? Eu podia ter morrido! Devo agradecê-lo.
Embora não estivesse satisfeito, ele não teve medo dela e a respondeu sem receio.
- Sou Caleb. E você?
- Eu... - por que ele tinha que insistir? - Eu sou Cornélia! Sou uma simples camponesa. - será que ele acreditaria?
- Já ouvi esse nome antes...
- Com certeza deve ter ouvido. É um nome tão comum!- ela ria nervosamente enquanto falava.
Aparentemente, ele acreditou no que ela disse e a colocou no chão com cuidado.
- O que a traz aqui para a floresta? Está perdida? - Caleb perguntou
- Não. Eu moro aqui. Há anos eu moro aqui, moro a mais tempo do que você possa imaginar. - sua voz soou mais indignada do que ela desejara.
- Mora aqui? - ele duvidava dela - Nunca a vi em parte alguma da floresta. E eu também moro aqui há muito tempo.
- Ora, a floresta é muito grande. A maior da região.
Assim que disse isso se arrependeu. Não eram muitos que haviam estudado e sabiam de tal fato. Ela praticamente se entregara. Mas ele pareceu não notar. Ele já estava começando a aborrecê-la.
- Então, porque simplesmente se mudou para a floresta? - ao dizer isso ele aproximou seu rosto do dela, mas ainda assim não olhava em seus olhos. Isso chamou a atenção de Cornélia e ela chegou mais perto dele, foi aí que percebeu.
- Você... É cego. - ela disse quase em um sussurro.
- Se você não tivesse dito eu nem teria percebido.
- Eu sinto muito. Mas viver na floresta não é mais perigoso para você?
- Você não tem escolha quando é banido. - ao dizer isso Cornélia sentiu um pouco de pena dele.
Caleb já estava se virando para ir embora, mas Cornélia segurou seu braço.
- Como você soube que eu estava aqui? - isso a deixava inquieta. Durante anos ela se escondeu de vários homens que perambulavam pela floresta e o único que a encontrou era cego.
- Não foi difícil, eu tenho Naif para me ajudar.
- Quem?
- Naif. Foi ele que a viu e não eu. - falando isso ele fez um gesto e em seguida o falcão que a fizera cair pousou em seu braço. - Agora, se não se importa foi um prazer te conhecer, com licença.
Caleb foi tão irônico com Cornélia que a deixou nervosa. Mas ele nem notou e simplesmente virou-se para ir embora.
- Espere onde está indo?
- Onde mais? Para o Reino de Hale, desculpe de Lient, sempre esqueço a pequena mudança. Irão executar o rei e a rainha Hale. Queria estar por perto para pelo menos ouvir a desgraça. Não sei se você foi a favor da troca do trono, mas eu não sou muito.
- Nem eu. - e sua voz foi morrendo.
O coração da princesa começou a palpitar. Então, seus pais estavam vivos e irião morrer logo.
- Quando? - ela perguntou esperançosa.
- Em uma semana. Por isso tenho que ir logo. Como disse, é uma floresta muito grande.
- Espere! Posso ir com você?
- O quê? Nem pensar você só irá me causar problemas. - ele estava indignado com a pergunta, o que deixou Cornélia com mais vontade de acompanha-lo.
- Eu conheço a floresta assim como você. Então, se você não me deixar ir com você, vou segui-lo. - ela lhe deixara sem escolha, e isso a divertia.
- Faça como quiser. - ele disse derrotado.
Ele foi andando na direção norte, rumo ao reino, e ela foi junto, feliz por finalmente ter uma companhia humana.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Capítulo 2 - Floresta viva
Fazia 8 anos que Cornélia encontrava-se na Floresta Mágica. Aprendera tudo para sua sobrevivência, o que era comestível, o que fazia mal... Conhecera diferentes animais de diferentes cores, assim como plantas nunca vistas antes em outro lugar. Agora a princesa tinha 18 anos, ainda tinha a pele muito branca, pois não tomava sol, as árvores tão altas sempre faziam sombra. Os seus olhos continuavam negros e expressivos. Mas agora era mais alta, seu corpo ganhara formas, e seu cabelo crescera. Ela vivia feliz naquele lugar. Raramente encontrava algum humano na floresta, quando ouvia passos já se escondiam em raízes ou escalava uma árvore para não ser avistada.
Conversava frequentemente com os animais e plantas, e algumas vezes também cantava. Para muitos ela pareceria louca, mas a solidão traz medidas desesperadas. Nunca saíra da floresta e vivia bem no meio dela. Nunca descobriu se seus pais estavam vivos ou mortos. Não tinha a menor notícia do reino.
Ela fizera amizade com os animais, eles aprenderam a não teme-la. Ela muitas vezes cuidava deles, se estivessem machucados fazia curativos. E foi através deles que ela aprendera quais ervas eram medicinais, quais frutas ela poderia comer, era só observa-los e ver o que comiam ou, às vezes, eles indicavam de alguma forma à ela o que faria bem e o que faria mal.
Os primeiros anos foram os mais sombrios para Cornélia, ainda estava muito assustada com o que acontecera e a lembrança de seus pais sempre a atormentava. Mas logo se acostumou com o fato de estar sozinha e decidiu aprender, mais e mais. Encontrava-se preparada para fazer curativos, com plantas medicinais que encontrava na floresta. Além do mais, aprendeu a prepara sua própria comida, uma coisa estranha para uma princesa. Sua alimentação baseava-se em frutas e peixe, mas era raro quando fazia peixe. Com isso, a princesa era bem magra, mas não era fraca. A vida na floresta fazia cm que ela se exercita-se constantemente, correndo de animais (às vezes até mesmo de plantas), subindo em árvores, nadando nos riacho e lagos. Desenvolvera músculos e seria capaz de segurar aquelas pesadas espadas de cavaleiro, se tivesse uma.
O cenário da floresta era um pouco assustador afastando até mesmo os mais corajosos viajantes. Era densa, cheia de árvores enormes, altas e grossas. As árvores eram vivas, sussurravam coisas, e podiam mexer suas raízes quando bem entendessem. As flores eram estranhas em diferentes formatos, mas eram excepcionalmente coloridas, a maioria ficava nos galhos das árvores como trepadeiras, poucas ficavam no chão. O tamanho das árvores fazia com que pouco da luz do sol entrasse. Mas depois de 8 anos quem não se acostuma com as sombras no dia-a-dia? Às vezes, quando cantava, Cornélia tinha impressão que as flores a acompanhavam, em um tom baixo como um lamento
Havia ainda umas plantas exóticas. Plantas carnívoras do tamanho de um homem adulto, além de outras que Cornélia não saberia dizer o que são. Com pétalas grandes e fechadas, quando perturbadas elas se abriam mostrando um ramo um tanto violento, batendo em tudo à sua volta para machucar quem ou o que o perturbara.
Tudo parecia vivo, era comum ver pedras movendo-se para outro lugar. Os animais já estavam acostumados, afinal estiveram sempre ali, mas para um ser humano levava certo tempo até se acostumar com coisas tão extraordinariamente estranhas. Mas afinal a floresta fazia jus ao nome, era mágica.
Havia a lenda de que um mago morara na floresta outrora. Os camponeses temendo os poderes do mago decidiram expulsa-lo de lá e tacar fogo em sua casa. E foi o que fizeram. O mago furioso lançou todo o seu poder sobre a floresta, transformando-a e assim desapareceu. Ninguém poderia dizer se aquilo realmente acontecera, pois nunca encontraram um sinal sequer de uma casa e não encontrariam se ela fora realmente queimada.
Mas a floresta não era somente encantos, era extremamente perigosa. Havia o Vale dos Dragões em algum canto da floresta, cheia de dragões que não aceitavam intrusos independente de quem fosse. Havia o Bosque Espinhoso, com plantas (ou animais?) cheios de espinhos, que se acordados não recebiam bem os visitantes. Além dos perigos em toda floresta. A grama às vezes se mexia e se irritada poderia engolir um animal, assim como havia plantas com espinhos por todos os lugares. Além das frutas e cogumelos venenosos, que poderiam matar um rato e fazer um homem passar mal por uma semana.
E era neste lugar que Cornélia vivia. Por algum motivo sabia que a decisão de ficar na floresta tinha sido a escolha certa. Algo lhe dizia que os campos não eram seguros, pelo menos não para ela.
Conversava frequentemente com os animais e plantas, e algumas vezes também cantava. Para muitos ela pareceria louca, mas a solidão traz medidas desesperadas. Nunca saíra da floresta e vivia bem no meio dela. Nunca descobriu se seus pais estavam vivos ou mortos. Não tinha a menor notícia do reino.
Ela fizera amizade com os animais, eles aprenderam a não teme-la. Ela muitas vezes cuidava deles, se estivessem machucados fazia curativos. E foi através deles que ela aprendera quais ervas eram medicinais, quais frutas ela poderia comer, era só observa-los e ver o que comiam ou, às vezes, eles indicavam de alguma forma à ela o que faria bem e o que faria mal.
Os primeiros anos foram os mais sombrios para Cornélia, ainda estava muito assustada com o que acontecera e a lembrança de seus pais sempre a atormentava. Mas logo se acostumou com o fato de estar sozinha e decidiu aprender, mais e mais. Encontrava-se preparada para fazer curativos, com plantas medicinais que encontrava na floresta. Além do mais, aprendeu a prepara sua própria comida, uma coisa estranha para uma princesa. Sua alimentação baseava-se em frutas e peixe, mas era raro quando fazia peixe. Com isso, a princesa era bem magra, mas não era fraca. A vida na floresta fazia cm que ela se exercita-se constantemente, correndo de animais (às vezes até mesmo de plantas), subindo em árvores, nadando nos riacho e lagos. Desenvolvera músculos e seria capaz de segurar aquelas pesadas espadas de cavaleiro, se tivesse uma.
O cenário da floresta era um pouco assustador afastando até mesmo os mais corajosos viajantes. Era densa, cheia de árvores enormes, altas e grossas. As árvores eram vivas, sussurravam coisas, e podiam mexer suas raízes quando bem entendessem. As flores eram estranhas em diferentes formatos, mas eram excepcionalmente coloridas, a maioria ficava nos galhos das árvores como trepadeiras, poucas ficavam no chão. O tamanho das árvores fazia com que pouco da luz do sol entrasse. Mas depois de 8 anos quem não se acostuma com as sombras no dia-a-dia? Às vezes, quando cantava, Cornélia tinha impressão que as flores a acompanhavam, em um tom baixo como um lamento
Havia ainda umas plantas exóticas. Plantas carnívoras do tamanho de um homem adulto, além de outras que Cornélia não saberia dizer o que são. Com pétalas grandes e fechadas, quando perturbadas elas se abriam mostrando um ramo um tanto violento, batendo em tudo à sua volta para machucar quem ou o que o perturbara.
Tudo parecia vivo, era comum ver pedras movendo-se para outro lugar. Os animais já estavam acostumados, afinal estiveram sempre ali, mas para um ser humano levava certo tempo até se acostumar com coisas tão extraordinariamente estranhas. Mas afinal a floresta fazia jus ao nome, era mágica.
Havia a lenda de que um mago morara na floresta outrora. Os camponeses temendo os poderes do mago decidiram expulsa-lo de lá e tacar fogo em sua casa. E foi o que fizeram. O mago furioso lançou todo o seu poder sobre a floresta, transformando-a e assim desapareceu. Ninguém poderia dizer se aquilo realmente acontecera, pois nunca encontraram um sinal sequer de uma casa e não encontrariam se ela fora realmente queimada.
Mas a floresta não era somente encantos, era extremamente perigosa. Havia o Vale dos Dragões em algum canto da floresta, cheia de dragões que não aceitavam intrusos independente de quem fosse. Havia o Bosque Espinhoso, com plantas (ou animais?) cheios de espinhos, que se acordados não recebiam bem os visitantes. Além dos perigos em toda floresta. A grama às vezes se mexia e se irritada poderia engolir um animal, assim como havia plantas com espinhos por todos os lugares. Além das frutas e cogumelos venenosos, que poderiam matar um rato e fazer um homem passar mal por uma semana.
E era neste lugar que Cornélia vivia. Por algum motivo sabia que a decisão de ficar na floresta tinha sido a escolha certa. Algo lhe dizia que os campos não eram seguros, pelo menos não para ela.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Capítulo 1 - O começo do fim
O reino era lindo. Reino de Hale era como se chamava. Era enorme e antigo, fora construído pela união de corajosos cavaleiros e desde então governado pela família Hale. O rei, naquele momento, chamava-se Henri Hale, considerado pelos seus súditos um homem justo e o melhor rei que já tiveram. Todos viviam em harmonia e alegria, raramente tinham algo do que reclamar e quando tinham ião atrás da solução.
Henri Hale era casado com Charlotte Hale e teve uma filha chamada Cornélia. Henri era um homem bonito perto dos 35 anos, possuía o rosto bem marcado, sua pele era clara, mas manchada pelo sol, cabelos castanhos e olhos profundamente verdes. Charlotte não era nem um pouco feia com seus aproximadamente 28 anos, tinha cabelos curtos e louros, seu rosto era mais suave que o do marido, e seus olhos eram azuis como o mar. Cornélia era a mistura dos pais e tinha apena 10 anos, tinha o rosto um pouco marcado, mas suavizado e a pele muito branca, como a neve, no entanto possuía os cabelos ruivos em um tom alaranjado e olhos pretos.
Era uma noite escura, fria e silenciosa. Nada se mexia só se ouvia a respiração dos animais e árvores. Sob as estrelas o reino parecia ser encantado. Mas logo aquela calmaria seria cortada por um grito "Fogo" era o que dizia, e logo era possível vislumbrar um brilho avermelhado nos estábulos. Em seguida, o barulho aumenta, algo está acontecendo, o castelo fora invadido.
Era o horário do jantar para a família real quando o barulho começou e quando um guarda entrou contando sobre a invasão. A angústia era visível no rosto de Charlotte. Henri imediatamente mandou que chamassem os cavaleiros e todos os guardas, ele iria ajudar a defender o reino. Mãe e filha correram para o quarto da princesa para se esconder e se proteger. Rapidamente Charlotte pegou uma pequena bolsa de couro e começou a enchê-la. Cornélia não conseguia entender direito o que estava acontecendo, estava confusa com o barulho e com a surpresa do ataque. Pouco ficaram no aposento, correram para outro aposento no andar de baixo, a rainha abriu um alçapão, onde ele levaria? As duas entraram e correram, a mãe guiava a filha que nunca vira tal lugar em todos seus 10 anos de idade.
O alçapão saía no estábulo. O susto foi enorme ao encontrarem o estábulo em chamas. Charlotte e Cornélia correram do fogo como puderam, mas a barra da saia da rainha foi um pouco corroída pelo calor. Ofegantes as duas se encontravam próximo à saída do reino, se esconderam atrás de uma pedra para que Charlotte pudesse explicar tudo à Cornélia, e ela começou:
- Querida, não fique assustada. Esse ataque era iminente e infelizmente é pouco provável que conseguiremos resistir. - o desespero e o medo acompanhavam sua voz - Você terá que fugir. Não há outra maneira. Vá para a Floresta Mágica, atravesse-a, ao chegar nos campos encontre uma pequena casa com uma plantação de trigo em frente, eles lhe darão abrigo. É só apresentar este colar. Não se preocupe vai ficar tudo bem com sua mãe e seu pai. Nós te amamos querida.
As lágrimas corriam por seus olhos, tirou um colar de seu pescoço e pegou a bolsa de couro que tinha nas mãos e entregou a filha e, assim, se abraçaram. As duas queriam ficar juntas para sempre e a dor da separação corroía seus corações. Charlotte soltou a filha e juntas correram para sair e alcançar a floresta.
É claro que alguns dos invasores as avistaram e começaram a persegui-las. A floresta não ficava longe. Charlotte não aguentava correr muito e a exaustão havia alcançado suas pernas, mas Cornélia era nova e corria feito um tigre começando a deixar a mãe para trás. Foi assim que ouviu a última palavra de sua mãe:
- Corra!
E foi o que ela fez. Cornélia correu o mais rápido que conseguia em direção à floresta. Tinha medo de olhar para trás e ver que sua mãe havia sido capturada.
Finalmente ela alcançara a floresta, o que tornava a corrida mais difícil e cheia de obstáculos, além de ter perseguidores em seu encalço. Então, Cornélia tropeçou, caiu em uma depressão, seus pés doíam muito, foi quando viu uma pequena caverna atrás de si coberta por musgo e plantas onde poderia se esconder e entrou lá. Não era muito funda, mas ela se distanciou o máximo da entrada ficando protegida pelas plantas que cobriam a entrada e pelas sombras. Funcionou, os homens pularam entraram na depressão correndo e foram em diante, sem olhar para trás, sem nem notar aquele pequeno buraco no qual a princesa se escondera.
Ela ficou ali em silêncio, sentindo as lágrimas descerem por seu olhos, seu coração pulava tanto que ela chegou a pensar que ele iria explodir ou sair pela boca. E esperou, esperou.
No castelo, rei e rainha ainda estavam vivos, mas foram levados para as masmorras. E como previsto, agora, o trono era de outro. Era o Reino de Lient, e o rei era Robert Lient. Inimigo do trono de Hale, ele já havia tentado outras vezes apoderar-se do poder, mas só agora conseguira. Ele demorara anos para conseguir seguidores suficientes, para bolar uma estratégia. As ameaças foram diversas antes daquela noite, e o rei não as ignorara. Ele preparara seus guardas, fizera um plano para que sua filha escapasse, e mesmo assim Henri sabia que com a quantia de seguidores que Robert conseguira, vence-lo seria quase impossível. E foi o que aconteceu, o trono mudara, o reino pertencia a outro. A única coisa que acalmava os corações de Charlotte e seu marido era a probabilidade da filha sobreviver.
Semanas se passaram, 3 exatamente. Cornélia ficou escondida naquela caverna todo esse tempo, saiu apenas para pegar um pouco de água num lago próximo e frutas para comer, em seguida voltava para se esconder. Ela não era boba, e sabia que iriam procurar por ela pela floresta e pelas casas dos camponeses, por isso se manteve escondida o máximo possível. Todo aquele tempo escondida, Cornélia pôde observar com cuidado o colar que a mãe lhe dera, era de ouro com uma pedra verde pendurada e na parte de trás da pedra estava escrito o seu nome "Cornélia" em letras muito bonitas. Observou, também o conteúdo da bolsa e se decepcionou, havia uma muda de roupas simples, de camponesa, não era um vestido, era uma calça, blusa e botas, com uma fita para amarrar o cabelo. E uma valise para ela carregar água. Só. Não havia mais nada, para grande decepção da menina. Isso a fizera cair na realidade e ver que estava sozinha e sem nada.
Ela trocou a sua roupa pela que estava na bolsa na mesma noite do ataque, o vestido, os brincos e colar que usava na noite foram colocados na bolsa. Ela colocou no pescoço o colar que sua mãe lhe dera sob a blusa. Amarrara o cabelo também, embora fosse um pouco curto.
Só depois daquelas 3 semanas que Cornélia sentiu a segurança de sair daquele buraco que estava para explorar a floresta. Ela já expulsara a ideia de ir para a casa que a aguardava, sabia que seria capturada se fizesse isso, então ela decidira ir mais fundo na floresta e conhece-la, para que pudesse viver lá o tempo necessário.
O reino de Lient começava a ser reconstruído, o ataque havia destruído estábulos, feiras... Os novos guardas trouxeram a notícia ao rei: a princesa não fora encontrada. E logo passou-se a pensar em uma possibilidade. Robert foi até as masmorras dar a notícia aos prisioneiros:
- Lamento dizer, mas sua filha está morta, e seu corpo se quer foi encontrado - não parecia que realmente lamentava, tinha um sorriso malicioso no rosto querendo causar medo e tristeza em Charlotte e Henri. E conseguiu.
Henri Hale era casado com Charlotte Hale e teve uma filha chamada Cornélia. Henri era um homem bonito perto dos 35 anos, possuía o rosto bem marcado, sua pele era clara, mas manchada pelo sol, cabelos castanhos e olhos profundamente verdes. Charlotte não era nem um pouco feia com seus aproximadamente 28 anos, tinha cabelos curtos e louros, seu rosto era mais suave que o do marido, e seus olhos eram azuis como o mar. Cornélia era a mistura dos pais e tinha apena 10 anos, tinha o rosto um pouco marcado, mas suavizado e a pele muito branca, como a neve, no entanto possuía os cabelos ruivos em um tom alaranjado e olhos pretos.
Era uma noite escura, fria e silenciosa. Nada se mexia só se ouvia a respiração dos animais e árvores. Sob as estrelas o reino parecia ser encantado. Mas logo aquela calmaria seria cortada por um grito "Fogo" era o que dizia, e logo era possível vislumbrar um brilho avermelhado nos estábulos. Em seguida, o barulho aumenta, algo está acontecendo, o castelo fora invadido.
Era o horário do jantar para a família real quando o barulho começou e quando um guarda entrou contando sobre a invasão. A angústia era visível no rosto de Charlotte. Henri imediatamente mandou que chamassem os cavaleiros e todos os guardas, ele iria ajudar a defender o reino. Mãe e filha correram para o quarto da princesa para se esconder e se proteger. Rapidamente Charlotte pegou uma pequena bolsa de couro e começou a enchê-la. Cornélia não conseguia entender direito o que estava acontecendo, estava confusa com o barulho e com a surpresa do ataque. Pouco ficaram no aposento, correram para outro aposento no andar de baixo, a rainha abriu um alçapão, onde ele levaria? As duas entraram e correram, a mãe guiava a filha que nunca vira tal lugar em todos seus 10 anos de idade.
O alçapão saía no estábulo. O susto foi enorme ao encontrarem o estábulo em chamas. Charlotte e Cornélia correram do fogo como puderam, mas a barra da saia da rainha foi um pouco corroída pelo calor. Ofegantes as duas se encontravam próximo à saída do reino, se esconderam atrás de uma pedra para que Charlotte pudesse explicar tudo à Cornélia, e ela começou:
- Querida, não fique assustada. Esse ataque era iminente e infelizmente é pouco provável que conseguiremos resistir. - o desespero e o medo acompanhavam sua voz - Você terá que fugir. Não há outra maneira. Vá para a Floresta Mágica, atravesse-a, ao chegar nos campos encontre uma pequena casa com uma plantação de trigo em frente, eles lhe darão abrigo. É só apresentar este colar. Não se preocupe vai ficar tudo bem com sua mãe e seu pai. Nós te amamos querida.
As lágrimas corriam por seus olhos, tirou um colar de seu pescoço e pegou a bolsa de couro que tinha nas mãos e entregou a filha e, assim, se abraçaram. As duas queriam ficar juntas para sempre e a dor da separação corroía seus corações. Charlotte soltou a filha e juntas correram para sair e alcançar a floresta.
É claro que alguns dos invasores as avistaram e começaram a persegui-las. A floresta não ficava longe. Charlotte não aguentava correr muito e a exaustão havia alcançado suas pernas, mas Cornélia era nova e corria feito um tigre começando a deixar a mãe para trás. Foi assim que ouviu a última palavra de sua mãe:
- Corra!
E foi o que ela fez. Cornélia correu o mais rápido que conseguia em direção à floresta. Tinha medo de olhar para trás e ver que sua mãe havia sido capturada.
Finalmente ela alcançara a floresta, o que tornava a corrida mais difícil e cheia de obstáculos, além de ter perseguidores em seu encalço. Então, Cornélia tropeçou, caiu em uma depressão, seus pés doíam muito, foi quando viu uma pequena caverna atrás de si coberta por musgo e plantas onde poderia se esconder e entrou lá. Não era muito funda, mas ela se distanciou o máximo da entrada ficando protegida pelas plantas que cobriam a entrada e pelas sombras. Funcionou, os homens pularam entraram na depressão correndo e foram em diante, sem olhar para trás, sem nem notar aquele pequeno buraco no qual a princesa se escondera.
Ela ficou ali em silêncio, sentindo as lágrimas descerem por seu olhos, seu coração pulava tanto que ela chegou a pensar que ele iria explodir ou sair pela boca. E esperou, esperou.
No castelo, rei e rainha ainda estavam vivos, mas foram levados para as masmorras. E como previsto, agora, o trono era de outro. Era o Reino de Lient, e o rei era Robert Lient. Inimigo do trono de Hale, ele já havia tentado outras vezes apoderar-se do poder, mas só agora conseguira. Ele demorara anos para conseguir seguidores suficientes, para bolar uma estratégia. As ameaças foram diversas antes daquela noite, e o rei não as ignorara. Ele preparara seus guardas, fizera um plano para que sua filha escapasse, e mesmo assim Henri sabia que com a quantia de seguidores que Robert conseguira, vence-lo seria quase impossível. E foi o que aconteceu, o trono mudara, o reino pertencia a outro. A única coisa que acalmava os corações de Charlotte e seu marido era a probabilidade da filha sobreviver.
Semanas se passaram, 3 exatamente. Cornélia ficou escondida naquela caverna todo esse tempo, saiu apenas para pegar um pouco de água num lago próximo e frutas para comer, em seguida voltava para se esconder. Ela não era boba, e sabia que iriam procurar por ela pela floresta e pelas casas dos camponeses, por isso se manteve escondida o máximo possível. Todo aquele tempo escondida, Cornélia pôde observar com cuidado o colar que a mãe lhe dera, era de ouro com uma pedra verde pendurada e na parte de trás da pedra estava escrito o seu nome "Cornélia" em letras muito bonitas. Observou, também o conteúdo da bolsa e se decepcionou, havia uma muda de roupas simples, de camponesa, não era um vestido, era uma calça, blusa e botas, com uma fita para amarrar o cabelo. E uma valise para ela carregar água. Só. Não havia mais nada, para grande decepção da menina. Isso a fizera cair na realidade e ver que estava sozinha e sem nada.
Ela trocou a sua roupa pela que estava na bolsa na mesma noite do ataque, o vestido, os brincos e colar que usava na noite foram colocados na bolsa. Ela colocou no pescoço o colar que sua mãe lhe dera sob a blusa. Amarrara o cabelo também, embora fosse um pouco curto.
Só depois daquelas 3 semanas que Cornélia sentiu a segurança de sair daquele buraco que estava para explorar a floresta. Ela já expulsara a ideia de ir para a casa que a aguardava, sabia que seria capturada se fizesse isso, então ela decidira ir mais fundo na floresta e conhece-la, para que pudesse viver lá o tempo necessário.
O reino de Lient começava a ser reconstruído, o ataque havia destruído estábulos, feiras... Os novos guardas trouxeram a notícia ao rei: a princesa não fora encontrada. E logo passou-se a pensar em uma possibilidade. Robert foi até as masmorras dar a notícia aos prisioneiros:
- Lamento dizer, mas sua filha está morta, e seu corpo se quer foi encontrado - não parecia que realmente lamentava, tinha um sorriso malicioso no rosto querendo causar medo e tristeza em Charlotte e Henri. E conseguiu.
Assinar:
Postagens (Atom)